quarta-feira, 9 de março de 2011

Uma Breve Análise Fundamentalista da fusão ECOD+MAEDA

MAEDA

1. PORTFÓLIO


- **25% da Tropical Bioenergia – vendida por R$ 120 milhões (R$ 40 milhões de entrada + 3 parcelas anuais)


**correção:

(notícia de 07/02/11 do site www.cogen.com.br)

- 85.000 hectares de terras nos estados de MT, BA, GO (20.000 ha próprios e 65.000 arrendados) :

(i) Produção de soja: 70% - 59.000 ha
(ii) Produção de algodão: 20% - 17.000 ha
(iii) Produção de milho: 10% - 8.500 ha

2. RESULTADOS DE 2010 – com base em estimativas sobre produtividade, área plantada e preços das commodities.



BRASIL ECODIESEL

1. PORTFÓLIO

- 4 unidades de transesteriicação: capacidade total de produção de 518.400m3 por ano:

(i) Iraquara-BA – capacidade de 129.600m3 de biodiesel/ano
(ii) Porto Nacional-TO – capacidade de 129.600m3 de biodiesel/ano
(iii) Rosário do Sul-RS – capacidade de 129.600m3 de biodiesel/ano
(iv) Itaqui-MA – capacidade de 129.600m3 de biodiesel/ano

* Desativadas as unidades de Crateús-CE e e Floriano-PI.

- 5 Fazendas:



2. RESULTADOS DE 2010


3. POTENCIAL DE APROVEITAMENTO DAS TERRAS OCIOSAS

Uma rápida análise da produção agropecuária brasileira nos diz que no Ceará e Piauí o clima e solo são propícios para feijão, milho, algodão e mamona. No Mato Grosso vem a soja e na Bahia (cultura de cacau dizimada por praga ainda não bem esclarecida) e favorável à cultura de café e algodão.
Assim as terras ociosas da ECOD poderiam ser aproveitadas para o plantio de soja e algodão, com potencial de rentabilidade apresentada na tabela abaixo.






INTEGRAÇÃO E SINERGIAS ENTRE ECOD E MAEDA

O novo capital social da empresa com a incorporação da MAEDA é de R$ 1.128.353.582,58. O total de ações emitidas é de 1.084.190.282. Portanto, o VPA é de R$1,04/ação.

Pelo informado em comunicado da ECOD na famosa reportagem da EXAME, o faturamento de 2010 de MAEDA + ECOD será aproximadamente de 60% proveniente da ECOD (~320 milhões) e 40% provenientes da MAEDA (~280 milhões).

Para 2011, projeta-se que o faturamento provenha de 60% da MAEDA e 40% da ECOD, que manteria a mesma base de faturamento e venda de biodiesel de 2010. Assim, teríamos, por regra de três simples, um faturamento de 420 milhões (40%) da ECOD e de 630 milhões (60%) da MAEDA.
Portanto, o valor de mercado da nova empresa, com base em seu faturamento de 2011 previsto de 1.050 bilhão, estaria em R$ 0,97/ação.


COMENTÁRIOS e CONCLUSÕES

As empresas produtoras e esmagadoras de soja (ex. Granol e ADM) preferem produzir o biodiesel a vender o óleo e o farelo de soja pelo simples motivo abaixo:

• Rentabilidade média da ton. transformada em óleo e faro de soja = R$ 780,00
• Rentabilidade média da ton. do farelo transformado em biodiesel = R$ 863,00

O lucro da produção agrícola é de 6% da colheita, enquanto o lucro da produção de biodiesel é de 2%.

A produção atual de soja da MAEDA supre somente 20% da produção da ECOD. Ou seja, a ECOD vai continuar a depender das oscilações do preço da soja no mercado até que aumente a área plantada com as terras disponíveis e ociosas da própria empresa.

A venda da Tropical Energia e o fim do litígio com a Petrobrás contribuem par o aumento do caixa da empresa e para novas possibilidades de fusões e, principalmente, aquisições via monetária e não acionaria que só dilui o capital dos acionistas.

O preço pago pela MAEDA de aproximadamente R$ 0,89/ação foi caro, com direito a um prêmio que não vejo, pois a maior parte das terras da MAEDA é arrendada e a empresa está endividada. Por outro lado, como a ECOD estava em um beco sem saída com o futuro incerto do biodiesel e a nova regulamentação vindoura, não restou outra alternativa a não ser apostar alto na compra da MAEDA. Por isso, no final das contas foi um bom negócio para a ECOD pois abriu novas perspectivas para o futuro.

O preço da ação deveria oscilar entre R$ 0,97 e R$ 1,04 (com base em sua previsão de faturamento e o seu capital social), como ocorreu por curto espaço de tempo quando caiu para patamar de R$ 0,84.

Pelo potencial de produção das terras da ECOD, tem-se um faturamento adicional de R$ 225 milhões que somados ao faturamento da MAEDA de 2010 (280 milhões) dá uma receita bruta de aproximadamente R$ 500 milhões com a produção agrícola. Isto somado com a produção de biodiesel, mantida constante no ano de 2011 (R$ 420 milhões) geraria um faturamento total de R$ 920 milhões. Isto equivale a um valor de mercado, com base no faturamento, de aproximadamente R$ 0,84/ação.

Em conclusão, a ação vai oscilar na faixa de R$ 0,84/ação (ponto de entrada – suporte) com potencial de chegar a R$0,97 e R$ 1,04 (ponto de venda – resistência última).

Para a ação subir e deslanchar há somente dois caminhos:
(i) fusão e aquisição por meio de troca de ativos e compra sem emissão de ações eu só diluem o capital dos acionistas;
(ii) aumento da produção de biodiesel. Hoje, a capacidade ociosa é de 65%. Ou seja, o potencial de faturamento com a venda de biodiesel é de mais de 1 bilhão de reais, o que levaria a ação para um valor na faixa de R$ 1,40. Mas isso depende do novo marco regulatório parado no Congresso.

Atualmente, a empresa, como disse alguém, continua a ser um dos maiores fenômenos de Marketing, sem mostrar nenhum dado consistente de que possa crescer e aumentar suas margens de forma satisfatória.

OBSERVAÇÕES

Esta é uma análise independente e própria, não pretendendo ser um tratado ou a verdade suprema dos fatos. As conclusões foram estabelecidas a partir de informações disponíveis no site da própria empresa e de notícias e informações colhidas da Internet.

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Regras de ouro do investimento

1. Compre na baixa e venda na alta.
É a mais óbvia de todas, mas que pode ser de difícil aplicação prática.
Principalmente os principiantes, mas também os mais avançados, podem ser impelidos pelo contágio psicológico do momento a vender suas posições nos momentos de tormenta financeira e a comprar indiscriminadamente nos períodos de bonança econômica. Com isso, acabam seguindo o humor do mercado, comprando em períodos de alta e vendendo em períodos de baixa.
Para os iniciados no assunto, o grande dilema que se impõe é o momento oportuno de comprar e vender. Como saber se uma ação atingiu o seu piso ou o seu pico de valor? A indecisão pode levar à venda prematura de suas posições sem que se aproveite um período de alta prolongada.
Isso só pode ser em parte atenuado com um estudo dedicado do mercado e da conjuntura ecônomica de curto e longo prazos.
2. Diversificar seu portfólio.
A diversificação é a melhor maneira de minimizar o risco de grandes perdas financeiras.
Lembre-se que quanto menor o "rating" de uma determinada empresa, maior é o risco da operação, mas também é verdade que maior será o retorno esperado. Portanto, evite investir a maior parte de seu capital em ações de risco ou em meia dúzia de empresas na tentativa de obter ganhos acima do mercado, pois o resultado pode ser desastroso.
Para as pessoas que não dispõem de tempo ou de grandes somas de dinheiro para investir, a melhor opção são os fundos de investimento, por exemplo, atrelados ao índice Bovespa. Dessa forma você não precisa se preocupar em acompanhar seu estoque de ações, tampouco fazer ajustes periódicos neles, uma vez que o fundo se encarrega disso para você. Além disso, é possível diversificar investindo uma pequena soma de dinheiro. A compra de uma ampla variedade de ações requer geralmente um aporte elevado de capital.
Aplique parte de seu dinhero em renda fixa, como títulos do Tesouro, de forma a ter uma garantia de retorno de parte de seu investimento quando o mercado de ações cair.
Aqui vale uma regra simples e eficiente. Divida seu investimento em renda fixa e variável na faixa de 25% a 75%. Ou seja, aplique até 75% do capital em renda fixa e o restante em renda variável. Varie essas porcentagens de acordo com os ciclos econômicos de crescimento e recessão. Com isso, você consegue amortizar possíveis perdas e ao mesmo tempo aproveitar os ganhos nos períodos de alta.
3. Não existem regras, tendências ou padrões pré-estabelecidos de comportamento do mercado.
Até hoje ninguém foi capaz de codificar qualquer padrão de comportamento do mercado, pela simples razão de que se existisse algum padrão, mais e mais pessoas passariam a segui-lo, anulando-o.
Lembre-se que o mercado é um construto social e como tal não obedece a nenhuma regra natural ou mesmo transcendental. Portanto, siga sua intuição e suas próprias conclusões. Não se deixe levar pela onda passageira, senão você pode acabar refém do humor do mercado, vendendo na baixa e comprando na alta.
4. A regra do P/L, simples e eficaz.
Atualmente há muitas formas de ánalise disponíveis, seja por meio de técnicas fundamentalistas e gráficas ou até mesmo através da "quiromancia".
Além disso, as atuais regras das S.A.'s e o avanço da normatização e padronização das regras contábeis, somadas com o advento da Internet, tornaram as demonstrações financeiras das empresas mais transparentes e acessíves para uma ampla fatia da população. A partir desses resultados, é possível realizar uma análise crítica e profunda das empresas. E a fórmula Preço/Lucro é de grande valia nessa tarefa. Pela fórmula, o preço da ação é dividdo pelo lucro da companhia. Quanto menor esse valor, mais atraente a empresa se encontra para compra, pois seus papéis estão "baratos". Caso contrário, para um P/L elevado, o valor da empresa está alto, já que o retorno (lucro) por ação está baixo.
Vale lembra que essa fórmula pode ser utilizada tanto para ações individuais, quanto para índices de mercado, como o Ibovespa.
5. Estude os fundos de investimento e corretoras antes de ingressar em um deles.
Muita atenção na hora de escolher uma corretora. Para investir diretamente em ações (homebroker) é preciso se cadastrar em uma. No Brasil não é possível comprar ações diretamente em Bolsa sem intermedição.
Há corretoras que cobram taxas elevadas de administração, entre 4% e 5% do valor investido, para aplicação em seus fundos. Dessa forma, você já sai com a obrigação de obter ganhos acima de 5%, sem considerar as taxas da Bovespa, o I.R. e as transferências eletrônicas de dinheiro. Já os fundos de performance cobram taxas adicionais de performance, como o próprio nome diz, e muitas vezes suas performances estão abaixo da média de mercado. As tarifas do Homebroker também variam muito de corretora para corretora. Portanto, o melhor é pesquisar bem antes de investir.
É importante ressaltar que no longo prazo nenhum fundo de investimento, seja ele agressivo ou conservador, consegue bater o índice de referência de mercado. Entretanto, o oposto é verdadeiro. Muitos fundos acabam com uma performance inferior ao índice Bovespa. No curto prazo podem até apresentar rendimentos elevados, muito acima da méda, iludindo os incautos. Portanto, vale relembrar o item 2 acima, caso deseje investir e não tenha tempo suficiente para estudar o mercado com afinco, invista em fundos atrelados ao índice Bovespa de corretoras ou bancos que cobrem taxas de administração razoáveis. E cuidado com os fundos setoriais (infra-estrutura, energia, tecnologia, etc), que podem apresentar resultados abaixo do mercado.
6. Adote um olhar e um comportamento de um investidor profissional.
Mantenha o olhar no horionte de longo prazo. Tenha consciência de que perdas são inevitáveis, mas transitórias. Ao longo do tempo, acompanhando o crescimento do índice Bovespa, é possível notar que ele só cresceu desde seu princípio. Não poderia deixar de ser, já que a economia durante todo esse período também experimentou crescimento e continuará a crescer no futuro. Mas não estará livre de sobressaltos e ciclos econômicos, que são inerentes do capitalismo.
Tenha sempre em mente que o mercado é um sujeito que está sempre tentando comprar e vender ações de você. Mas que a decisão de fazê-lo ou não é inteiramente sua, independentemente dos apelos e tentações existentes.
Nunca se esqueça que sempre vai existir alguém com uma história de sucesso incomum que lhe rendeu ganhos extraordinarios. Mas essas mesmas pessoas não vão lhe dizer que também tiveram grandes prejuízos. Por isso, não se deixe cair no canto da sereia. Até os gahadores do Nobel já quebraram fundos de investimento administrados por eles próprios. Portanto, a regra é que não há regra e o seu sucesso depende inteiramente de você mesmo, e de seu conhecimento, sua dedicação e sua experiência.
Na Bolsa, o importante não é maximizar os lucros, mas obter retornos próximos aos almejados e evitar perdas acima da média de mercado.
Nunca é demais lembrar que quanto maior o retorno, maior é o risco da operação e, conseqüentemente, de um tombo espetacular.
Por fim, leia obrigatoriamente "The Intelligent Investor", escrito por Benjamin Graham, que foi a minha fonte de inspiração para escrever esse texto. O livro é recomendado por ninguém menos que Warren Buffett.
De minha parte, espero que de alguma forma tenha sido útil e uma fonte de inspiração para os investidores.

segunda-feira, 5 de março de 2007

Panorama da economia mundial para 2007: uma visão da superfície.

Tudo indica que a economia mundial continuará se expandindo em 2007, apesar dos temores de alguns analistas a respeito do desaquecimento da economia americana ou da diminuição do ritmo de crescimento chinês após a aplicação de medidas corretivas para evitar superaquecimento. Além disso, há temor de uma revoada dos capitais de risco para portos mais seguros em um movimento de aversão ao risco. Cite-se também o preço do barril do petróleo (e a instabilidade política dos maiores países produtores que geram dúvidas quanto a capacidade de oferta frente ao contínuo aumento da demanda), que no ano passado sofreu uma queda importante, e do gás natural que tem sido motivo de disputas geoestratégicas na região da Ásia Central que tem a Rússia como seu protagonista.

A China e a Índia, ao que tudo indica, continuarão a crescer a taxas superiores a 7% a.a. Com isso, o mercado mundial, especialmente o de commodities, manterá o ritmo de crescimento. De 2003 a 2006 houve uma expansão média de 26% a.a. no preço das commodities. Além disso, a relação de dependência ChinaxEUA, da qual os Estados Unidos, de um lado, mantém sua economia aberta para a entrada de produtos chineses baratos e, de outro, a China financia o déficit externo americano aumentando suas reservas que hoje já ultrapassam a casa do trilhão de dólares, não sofrerá significativas mudanças, já que interessa a ambos.

Quanto ao fluxo financeiro global, em que se destacam os hedge-funds, estes continuarão a causar temor no mercado, já que no mundo atual, marcado pela globalização e pelo capitalismo financeiro, há naturalmente maior imprevisibilidade. Não é possível fazer uma previsão certeira de quando ocorrerá a próxima debandada geral de "capitais especulativos" das economias emergentes, em um movimento de aversão ao risco. Uma pequena tormenta tem pairado sobre os mercados ultimamente fruto da queda abrupta do mercado de ações chinês. Mas, isto parece ser apenas uma correção no preço dos ativos e uma corrida à realização de lucros devido aos ganhos obtidos com a valorização da bolsa no último ano. Apesar disso, cabe lembrar que Paul Krugman vem alertando já faz algum tempo que uma crise paira no ar, e se originará no mercado de capitais. Uma das principais razões é que hoje os chamados junkie bonds estão pagando um prêmio de risco somente dois pontos acima dos títulos americanos, muito abaixo dos 8% que historicamente tem ocorrido e a qualquer tempo pode haver uma fuga de capitais para mercados seguros, nomeadamente o norte-americano.

Em relação aos EUA, apesar dos alertas do ex-presidente do Federal Reserve Alan Greenspan quanto a um possível pouso forçado da economia americana, tudo indica que esta se manterá nos eixos. Não há sinais fortes de desaquecimento, inflação ou mesmo do estouro da bolha no mercado da construção civil. Aqui parece que uma recessão poderá ocorrer no caso de uma tormenta atingir alguma parte do mundo e se irradiar pelo globo, como resultado de conflitos no Oriente Médio, da instabilidade econômica em algum país do sudeste-asiático ou de uma desaceleração abrupta das economias da China e Índia ou mesmo de uma recessão na Europa e Japão.

Assim, o Oriente Médio, local de permanente instabilidade política e disputas seculares entre países por poder e influência, pode, no caso de uma guerra envolvendo o Irã, Arábia Saudita ou Síria, levar a uma disparada no preço do barril do petróleo e ocasionar uma depressão econômica. No entanto, no caso específico do Irã, o presidente Ahmadinejad exercita muito de sua retórica, mas tem seu poder real restringido pela Assembléia dos Peritos, a quem cabe efetivamente ditar as linhas mestras da política interna e externa do país. Dessa forma, tendo em vista o pragmatismo observado pelos aiatolás, um conflito armado, ou mesmo nuclear, está longe de ocorrer. Já a Palestina segue sozinha em suas reivindicações contra Israel, apesar do apoio indireto e dos pronunciamentos dos países árabes e muçulmanos em favor de sua causa. Estes se encontram mais preocupados com o aumento de sua influência e poder e na liderança do movimento pan-arábico.

Por seu turno, Iraque e Afeganistão não têm poder, sozinhos, para provocar uma recessão global, visto que até hoje o mercado não sofreu abalos em função da guerra do Iraque e invasão do Afeganistão. Essas incursões dos EUA na região podem provocar o acirramento das tensões entre movimentos islâmicos radicais e o Ocidente, mas isso não contaminará a economia mundial, mesmo no caso extremo de um novo ataque terrorista.

Quanto à América Latina, observa-se um período auspicioso, e, ao que tudo indica, finalmente deslanchará o mercado de etanol na região. Se os EUA, por meio da assinatura de acordos na área de bicombustíveis, pretende retomar uma ação política mais vigorosa na região para tentar deter a influência crescente de Hugo Chaves na região, isto é secundário. O importante é que o continente novamente entrará na ordem do dia dos EUA, e com isso o Brasil pode vir a colher frutos de uma relação estratégica com a potência do Norte e aumentar sua influência na região, especialmente no "quintal" dos EUA, a América Central. Quanto à Venezuela, esta se move pelos delírios expansionistas de seu presidente que grita muito mas seu soft e hard power são muito diminutos, mesmo com todos os esforços praticados por Chaves em sua diplomacia do petróleo. Além disso, Bolívia, Equador e Nicarágua, países mais à esquerda no espectro político da região, agem na cenário internacional muito mais com base no pragmatismo e na busca de seus próprios interesses nacionais, do que em função de um idealismo utópico e irracional. Mesmo a Venezuela não se dá ao luxo de abdicar do mercado americano para a venda de petróleo, seu principal produto de exportação e de renda nacional.

Frise-se que a estabilidade do sistema financeiro e da economia mundial interessa a todos os países, especialmente a China e Índia, que dependem de matérias-primas e capitais estrangeiros para manter o crescimento econômico nos níveis atuais. Por isso, um conflito de grandes proporções envolvendo os países do “eixo do mal” não ocorrerá, ao menos no curto e médio prazos. No caso indiano, o país recentemente entrou em conversações com seu rival histórico, o Paquistão, na busca de entendimentos para por fim às hostilidades entre ambos que vem desde a época da independência. A China, por seu turno, vive um período de grande transformação interna. Atualmente, a Assembléia do Povo está se reunindo para discutir importantes temas como o direito à propriedade privada, o combate à corrupção, a reforma fiscal, o crescimento econômico e o orçamento militar.

Quanto à Rússia, esta vem experimentando altas taxas de crescimento econômico principalmente em razão dos preços elevados do petróleo e do gás natural. O país tem permanecido em isolamento pelos Estados Unidos desde o colapso do comunismo. Seu ingresso à OTAN tem sido bloqueado reiteradamente e o país não tem sido chamado para participar e para compor uma aliança com o Ocidente. Com isso, ele vem buscando seu próprio caminho, exercendo todo seu hard power em sua área de influência na Ásia Central, região rica em reservas de hidrocarbonetos que abastecem, por oleodutos, a Europa. O “grande jogo” na região se define em função do controle dessas reservas. A Europa não quer ficar dependente somente da Rússia e esta quer restaurar a influência que detinha durante a época da Guerra Fria.

Por tudo isso, é possível afirmar que a economia mundial continuará o seu período de grande crescimento após ter passado no século passado pela chamada “Era de Ouro do Capitalismo” no pós-guerra, que durou até o choque do petróleo nos anos 1970 e da crise da dívida dos países em desenvolvimento nos anos 1980. Grosso modo, a taxa de crescimento mundial provavelmente se manterá nos atuais 4,8% a.a. e a inflação por volta de 3,8%, a não ser que se desencadeie uma crise de confiança dos mercados emergentes, improvável, a não ser que haja um desaquecimento brusco da economia chinesa ou indiana ou um conflito político que avance para a luta armada no Oriente Médio, afetando drasticamente o fornecimento de petróleo, também improvável, visto que isto não interessa a nenhuma das economias avançadas ou em desenvolvimento. No mais, qualquer previsão que se busque fazer se revela um jogo esotérico, mais do feitio de uma cigana quiromante .

quarta-feira, 28 de fevereiro de 2007

Como exportar dados do Yahoo Finance para o Metastock

Para aqueles que dispõem de recursos financeiros escassos, vale uma importante dica para ter acesso aos dados históricos e intraday das cotações de bolsas brasileira e mundial.
Com o programa chamado quotereader, criado por "Bender" e disponível no sítio http://www.caldeiraodebolsa.com/forum/viewtopic.php?t=22661&postdays=0&postorder=asc&highlight=metastock&start=0 , consegue-se construir históricos de cotações e acompanhar o andamento do pregão por meio de gráficos intraday com delay de 15 minutos. É muito simples e fácil de utilizar, além de ocupar espaço mínimo no disco rígido.
Sua grande vantagem é ser gratuito e seu grande atributo é criar ficheiros .cvs que podem ser importados pelo Metastock.
Pode-se desenvolver ficheiros .XML para o programa, por exemplo, de cotações da ibovespa, IBX, IBX-50, ações do IBrX-100 ou qualquer outro país, conforme sua própria necessidade. Esses ficheiros .XML formam a base de dados inicial, a partir do qual o programa irá trabalhar. Ele lê as cotações existentes no sítio do yahoo finance, procurando e gravando informações das cotações de ações inscritas nos ficheiros .XML. Essas informações são armazenadas em um ficheiro .csv que pode ser importado pelo Metastock a partir do the downloader.
Posso afirmar que testei e uso regularmente o programa sem nenhum problema ou dificuldade. Friso que não é necessária nenhum grande conhecimento de informática ou do mercado financeiro para utilizá-lo. Vale lembrar ainda que no próprio sítio indicado acima é possível encontrar mais informações, além de ficheiros .XML de bolsas européias e americanas.